Pela janela, não pela minha, eu via a lua, cheia, grande, linda. Meu corpo estava deitado sobre minha cama, meus olhos fixados, mas minha mente procurava por alguém em outro lugar. E foi pela janela desse outro quarto que eu vi a lua.
Não conseguia controlar essa vontade de estar com ele, por isso minha mente se deslocara e o buscara pelos caminhos escuros da noite e sob a luz da lua. Meus olhos criaram sua imagem, fixados e meu peito disparava, sentia uma dor enorme por não poder tocá-lo.
Sentia teu calor ao meu redor, mas me sentia incapaz de aquecê-lo. Tudo estava estranho, me sentia vagar pelo quarto, não podia se quer acariciá-lo. Parecia estar num pesadelo, mas como, se eu nem estava dormindo?
Adaptei-me à situação, sentei-me ao lado dele e fiquei a observá-lo. Dormia feito um anjo e, em alguns momentos, esboçava leves sorrisos, como se estive feliz por algo. Junto com seus sorrisos, os meus olhos brilhavam, pois ele poderia estar sentindo minha presença ali.
Tentava passar minhas mãos por entre os cabelos dele, mas eu não sentia nada, estava sem sentidos, não sentia nem o perfume do quarto dele. Para mim, somente estar ali ao lado dele era o bastante. Não precisava de mais nada naquele momento. Mesmo com todas essas limitações, eu insistia nos carinhos. Acariciava seu rosto, seus cabelos, abraçava-o. E a cada gesto de carinho meu, um sorriso dele me encantava.
E assim, as horas se passaram. No começo, parecia que ia ser uma noite longa, difícil, como todas as outras que passei acordada. Só que desta vez, tinha em quem pensar, tinha alguém pra me acompanhar. E quando os primeiros raios de sol penetraram pela janela, deixei-o e voltei ao meu quarto, que estava gelado e assombroso, mas esperaria pouco ali. O sol já raiara e um novo dia começara. E apesar do brilho e do calor do sol serem mais aconchegantes, aprendi a amar a lua, que apesar de meio opaca, era a única capaz de me levar a milhas de distância, para encontrar com ele.
